Empresa de táxi só para
mulheres prospera na capital indiana
Uma pequena companhia de táxis da capital da Índia, Nova Déli, está fazendo sucesso ao oferecer um serviço exclusivo para mulheres no qual todos os motoristas são do sexo feminino, em um país onde a grande maioria dos motoristas de táxi são homens.
Desafio ao
preconceito
Motoristas mulheres dizem ser intimidadas por motoristas homens no
trânsito de Nova Déli
A empresa Táxis de Mulheres para Mulheres,
que conta com oito
motoristas, se tornou mais popular após o estupro coletivo de uma estudante em
um ônibus da cidade em dezembro passado, em um caso que causou comoção e
revolta no país e no mundo.
"Quando estou na rua dirigindo
nosso táxi me sinto orgulhosa, porque é um serviço para mulheres e eu sou uma
mulher", diz uma motorista da companhia, Shanti Sharma, de 31 anos.
"Nosso trabalho é dar apoio às mulheres de Déli. Estamos dando segurança a
elas."
"Depois desse caso (o estupro
coletivo), nossa quantidade de trabalho aumentou muito. Mulheres que usavam
outros serviços de táxi também estão nos procurando agora", diz.
A maior parte das mulheres em Nova
Déli diz enfrentar assédio cotidianamente, especialmente no transporte público.
Minoria entre homens
Mas a vida também não é simples para
as motoristas de táxi. Algumas delas nunca haviam entrado em um carro antes de
serem recrutadas, muito menos dirigido um.
Elas precisaram de muitos meses de
treinamento não só de direção, mas também de primeiros socorros e defesa
pessoal.
Uma
das motoristas foi atacada por um motorista de táxi furioso enquanto enchia o
tanque do carro. Outra foi atacada por um casal porque se recusou a dar ré em
uma rua principal para dar espaço ao carro deles.
Sharma, uma mãe solteira de três
filhas, trabalha como motorista desde 2011, quando o serviço começou a
funcionar, e diz que o emprego mudou sua vida.
É a primeira vez em que ela ganha o
suficiente para sustentar sua família - cerca de US$ 250 (aproximadamente R$
490) por mês.
Naturalmente, ela e outras motoristas
estão em minoria em relação aos homens. "Quando eu estaciono em algum
lugar, sempre há homens lá e inevitavelmente cinco ou seis deles ficam
juntos", conta.
"Eu sou geralmente a única
mulher no estacionamento, então fico dentro do carro. Seria bom ter pelo menos
outra mulher motorista para me fazer companhia."
Nas ruas, Sharma diz que os homens
também tornam sua vida mais difícil.
"Assim que eles veem uma mulher
eles começam a buzinar sem motivo. Tentam ultrapassar você. Estou sempre
preocupada em evitar que alguém bata no meu carro."
A
Sakha Consulting Wings, empresa que fornece soluções de transporte seguro para
mulheres indianas e que foi responsável pela criação da Táxis de Mulheres para
Mulheres, tinha uma série de objetivos quando estabeleceu o serviço.
Com sua parceira, a Fundação Azad, a
empresa queria dar a mulheres de baixa renda uma oportunidade de "ganhar o
mesmo que os homens", segundo Nayantara Janardhan, diretora de operações
da Sakha.
A primeira iniciativa da Sakha foi um
serviço de motoristas particulares, que hoje emprega 50 mulheres.
"Há muito preconceito de gênero
que diz que mulheres são más motoristas", diz Janardhan.
"Muitas mulheres que dependem de
motoristas homens para levarem seus filhos para a casa, a escola e outras
atividades admitem que se preocupam com a segurança de seus filhos, mas, para
começar, nem queriam usar os serviços de mulheres motoristas", diz
Os primeiros clientes do serviço eram
amigos e família. Eles gostaram, e a notícia se espalhou.
"Assim que conseguimos sete
motoristas, ficamos mais visíveis", relembra a empresária. Isso deu à
empresa a coragem para começar um serviço de táxis, que começou com um carro e
duas motoristas.
"Todo mundo pensou que ter um
serviço de táxi feminino em Déli não ia funcionar, mas nós pensamos: 'vamos
começar e ver o que acontece'."
Alta procura
Nos últimos dois meses, desde a morte
da estudante, Janardhan tem recebido telefonemas e e-mails de pessoas em todo o
mundo se oferecendo para ajudar a Sakha a crescer. O número de clientes também
aumentou cerca de 40%.
A maioria dos clientes são mulheres
independentes e relativamente ricas que precisam viajar sozinhas com
frequência.
Uma das primeiras clientes do serviço
foi Praneeta Sukanya, de 40 anos, que trabalha para uma organização beneficente
internacional e costuma recomendar os táxis para as colegas que visitam a
cidade.
"Muitas mulheres que vêm à Índia
pela primeira vez ouviram estas histórias de horror e não sabem de nada sobre a
cidade", diz ela. "A Sakha as ajuda a sair e ver Déli com
segurança."
Mas Sukanya também diz gostar do modo
como as mulheres taxistas - como suas colegas em Mumbai e Calcutá - estão
destruindo estereótipos sobre gênero na sociedade indiana.
"As coisas acontecem nas
pequenas mudanças. Elas estão bombardeando um grande mito sobre o que as
mulheres podem e não podem fazer."
“Todo mundo pensou que ter um serviço de táxi
feminino em Déli não ia funcionar, mas nós pensamos: ‘vamos começar e ver o que
acontece’.”
Navantara
Janardhan, diretora de operações da Sakha Consulting Wings
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