Estudo: camundongos fêmeas promíscuas geram 'filhotes mais sensuais'
Acredita-se que as conclusões do estudo
ajudarão a elaborar programas de reprodução em cativeiro de animais ameaçados
de extinção
Camundongos fêmeas que competem entre si em
ambientes promíscuos têm filhotes machos que tendem a atrair mais as fêmeas,
indica uma pesquisa da Universidade de Utah, nos Estados Unidos.
No estudo, os cientistas analisaram feromônios (substâncias
que influenciam o comportamento de outros membros da mesma espécie, por vezes
com função de atrair sexualmente membros do gênero oposto) presentes na urina
das crias macho.
A conclusão é que os filhotes cujas mães
tiveram de disputar para conseguir parceiros produziam mais feromônios. Mas, em
contrapartida, esses mesmos camundongos apresentaram uma tendência a ter uma
vida mais curta que a de camundongos de pais monógamos.
"Faz pouco tempo que começamos a entender que as
condições ambientais enfrentadas pelos pais podem influenciar as
características de suas crias", diz o professor Wayne Potts, um dos
autores da pesquisa, publicada no periódico Proceedings of the National Academy
of Sciences.
"Este estudo é um dos
primeiros a mostrar este tipo de processo 'epigenético' (relacionado
a mudanças de um organismo durante seu desenvolvimento) agindo de forma a aumentar o êxito dos filhotes quando
forem acasalar."
Acredita-se que as conclusões do estudo poderão ajudar na
elaboração de programas de reprodução em cativeiro de animais ameaçados de
extinção.
Competição
Os cientistas estudaram camundongos domésticos, que em geral vivem em gaiolas e acasalam com apenas um parceiro. Para reintroduzir a competição social vivenciada por camundongos selvagens, os animais de laboratório foram mantidos em uma espécie de "celeiro" - áreas fechadas e repartidas para criar territórios.
Os cientistas estudaram camundongos domésticos, que em geral vivem em gaiolas e acasalam com apenas um parceiro. Para reintroduzir a competição social vivenciada por camundongos selvagens, os animais de laboratório foram mantidos em uma espécie de "celeiro" - áreas fechadas e repartidas para criar territórios.
Os camundongos podiam transitar entre os territórios, e
alguns destes foram propositalmente transformados em espaços mais atraentes,
para estimular a competição - por espaço e parceiros - entre os animais.
Para averiguar se os pais tinham alguma influência sobre a
atratividade de seus filhotes, o pesquisador Adam Nelson facilitou o cruzamento
de camundongos do celeiro e camundongos monógamos, mantidos em outro local.
Nelson e sua equipe descobriram que, independentemente da
experiência ambiental vivenciada pelo pai, filhotes de fêmeas que vivem em
ambientes mais competitivos produziam mais feromônios.
Camundongos machos usam odores, presentes na urina, para
marcar seu território, e as fêmeas se sentem mais atraídas e acasalam com mais
frequencia com machos cuja urina tem o cheiro dessas substâncias.
"Se os seus filhotes forem especialmente sensuais e
acasalarem mais, isso ajudará seus genes (a serem passados) de forma mais
eficiente às gerações futuras", explica Wayne Potts.
Em contraste, os filhotes de pais (não mães) promíscuos
eram menos atraentes, produzindo 5% a menos de feromônios que os de pais
monógamos. A explicação pode ser pelo fato de pais e filhos disputarem entre si
parceiras sexuais.
"Os pais competem com seus filhotes e geralmente os
expulsam rapidamente de seu território", prossegue Potts. "Se você
teme que seu filhote prejudique seu próprio sucesso reprodutivo, então não há
motivos para torná-los mais sensuais."
Preço
Em contrapartida, o aumento da produção de feromônios cobra seu preço: a equipe de pesquisadores descobriu que apenas 48% dos filhos de camundongos fêmeas promíscuos sobreviveram até o final do experimento. Já entre os filhos de monógamas a taxa de sobrevivência foi de 80%. Segundo Potts, isso ocorre pelo grande esforço feito pelos animais para produzir o feromônio.
Em contrapartida, o aumento da produção de feromônios cobra seu preço: a equipe de pesquisadores descobriu que apenas 48% dos filhos de camundongos fêmeas promíscuos sobreviveram até o final do experimento. Já entre os filhos de monógamas a taxa de sobrevivência foi de 80%. Segundo Potts, isso ocorre pelo grande esforço feito pelos animais para produzir o feromônio.
Os pesquisadores acreditam que suas descobertas podem
ajudar em projetos de acasalamento destinados a espécies ameaçadas que vivem em
cativeiro.
"A domesticação estimula mecanismos epigenéticos que
tornam os animais menos aptos a viver na natureza", explica Potts. Esses
mecanismos também resultam na produção de filhotes menos "bem-sucedidos
sexualmente".
Ao forçar sua reprodução em ambientes mais competitivos
para as fêmeas, os cientistas acham que esses animais aumentaram a atratividade
de suas crias. Isso poderia aumentar as taxas de sucesso da reintrodução na
vida selvagem de espécies criadas em cativeiro.
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