Lei das domésticas engorda FGTS em R$ 5,5 bi
por ano
Considerando um universo de 7,2 milhões de
trabalhadores domésticos no País e o salário médio de R$ 726,8, o recolhimento
de 8% de FGTS arrecadaria R$ 418 milhões por mês
São Paulo - A
regulamentação do direito das empregadas domésticas
ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) poderia significar uma
arrecadação extra de R$ 5,5 bilhões por ano para o fundo. A conta é do
economista William Eid
Júnior, coordenador do
Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Considerando um
universo de 7,2 milhões de trabalhadores domésticos no País -
segundo estimativa da
Organização Internacional do Trabalho (OIT)- e o salário médio de R$ 726,8
calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o
recolhimento de 8% de FGTS levaria a uma arrecadação adicional de R$ 418
milhões por mês.
No ano passado a arrecadação
bruta do FGTS atingiu o recorde de R$ 83,0 bilhões, com crescimento de 15% em
comparação a 2011. Além do aumento da participação da população ocupada com
carteira de trabalho assinada, o crescimento real do salário também contribuiu
para a expansão do bolo do FGTS.
Se todos os patrões passassem
a pagar os novos direitos trabalhistas para as domésticas, o crescimento
adicional da arrecadação de FGTS seria de 1,5% sobre os valores atuais. Mas o
economista da FGV adverte que a realidade do mercado é bem diferente. "Não
basta apenas mudar a lei para garantir a transformação de uma cultura
arraigada", diz ele. "Boa parte das domésticas vai continuar na
informalidade, pois a relação não é puramente empregatícia mas também
afetuosa".
Outra parte do mercado pode
ser prejudicada pelo medo dos patrões de ter de arcar com custos extras, diz
Willian Eid. Nos casos das domésticas que dormem no serviço, por exemplo, ele
acredita que a mudança na legislação pode provocar dúvidas sobre como remunerar
as horas extras. "Muitas famílias poderão preferir dispensar a doméstica e
contratar diaristas ou mesmo passar a viver sem empregada".
A tendência, segundo o
professor da FGV, é de que o País evolua para uma nova realidade mais próxima
dos países desenvolvidos, com menos trabalhadores empregados em serviços
domésticos. Isso se o mercado de trabalho continuar favorável ao trabalhador,
como nos últimos anos. "Se vier uma crise e o desemprego aumentar, a
oferta de trabalhadores desqualificados cresce e muitos profissionais vão
voltar a aceitar emprego doméstico, mesmo na informalidade e com salários mais
baixos", analisa.
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